Eu sou um chorão. Não aparento, mas sou. Certa vez eu estava
lendo meu jornal e tomando minha gelada numa certa mesa. Sentaram-se perto um
casal com uma pequena menina. Quando dei por mim, a menininha – uns quatro
anos, estava ao meu lado espiando o que eu estava lendo. A mãe a chamou de
volta:
- Filha, vem pra cá, deixa o moço em paz.
Eu disse que podia deixar, que nenhuma criança me atrapalharia,
em especial uma criança tão linda. E comecei a conversar com a pequenina
desinibida. Depois ela foi pra junto dos pais e a mãe me explicou que ela veio até
mim porque eu era muito parecido com o avô dela. A pequenina voltou mais uma
vez. Depois sossegou.
Quando saíram, o casal se despediu de mim. Foi então que a menina me
surpreendeu, me comoveu quando disse-me:
- Tchau, vô.
Eu respondi, eles foram embora e nem notaram que fiquei com
os olhos cheios de lágrimas. Nunca mais os vi, nunca mais vou esquecer aquela
criança. Eu sou mesmo um chorão.